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quinta-feira, 22 de julho de 2010

TH NEWS FLASHES XXVII - A arte de (d)escrever(-se)


A paixão vem desde pequeno.
Preferia pegar um papel para rabiscar minhas primeiras letrinhas, brincar com palavras, escrevê-las de trás pra frente, ver como ficavam se faltasse determinada letra.
Desenhava também, mas contar histórias era muito mais gostoso. E externá-las numa folha trazia um prazer indescritível!
Ao lado de meu primo, formávamos uma bela parceria. Eu esboçava o script e ele fazia os desenhos em forma de HQs, mas num dado momento invertemos. O desenho ficava a meu cargo mas eu sempre dava um jeito de mudar o roteiro dele! rs
Ser um ótimo leitor desde pequeno também me ajudou muito. Hoje em dia sou mais de música que livros, mas só em nunca ter deixado de ler na minha vida já foi válido um bocado!
Então vieram os primeiros reconhecimentos. Prêmio na 4ª série de literatura mirim por "História da minha vida', singela descrição do meu cotidiano que, por algum momento, despertou atenção da professora de Redação e, a seguir, da de Português. Anos depois, na 8ª, aventurei-me a tentar participar de um concurso de contos pré-adolescentes, e concorri com uma produção literária cujo nome me foge, mas falava sobre uma garota e seus dilemas de adolescência. Lembro que metade da açao do livro se passava no diário dela, outra nos "fatos da vida real" e mesmo sem ter base alguma no assunto, conseguia colocar temas como "drogas" no livrinho, bancando o sabido! rsss.
Na época em que ousava, era mais reconhecido. O tal livro também venceu o prêmio e me fez decidir fazer a faculdade de Jornalismo quando prestei vestibular pela primeira vez. Na escola, Redação, Literatura e Gramática sempre foram mais matérias prediletas e as que sempre me dei melhor.
Nessa época mesmo comecei a fazer meus "roteiros de gaveta"; Aquelas histórias tão minhas que não tinha coragem de contar pra ninguém. Rabiscos tão meus que ficaria rubro se alguém tivesse acesso. Pura insegurança Percebo hoje, ao relê-los, que hpa muita riqueza e material de qualidade ali que, dando a devida "lapidada", funcionaria. Nossos textos, assim como nós mesmos, amadurecem e podem ser renovados.
Então veio o primeiro ano de Jornalismo e o encanto empolgado de outrora deu lugar a um pensamento menos sonhador e mais realista. Um jovem de 17 anos tinha por obrigação pensar no seu futuro, e ser jornalista numa cidade corporativista como essa não daria certo.
Parti pro mundo jurídico e isso se refletiu na minha escrita também
De tão craque que era com as regras gramaticais mais severas, passei a dar prioridade à linguagem rebuscada e verborrágica, com vazão à escrita culta repleta de citações em latim e termos incompreensíveis para o grande público, que são artifícios para "deslumbrar" outros profissionais do Direito.
Afaste-me da pretensão de me tornar um escritor/jornalista/roteirista de outrora, de priorizar a qualidade do texto e a eficácia com a qual ele deve transmitir a mensagem ao público. Mascarei tudo isso com a falsa sapiência jurídica e isso me prejudicou no âmago.
Nada me satisfazia. Nada até perceber que o que interessa, nessa vida, é fazer aquilo que a gente ama. É ter foco, é saber arcar com conseqüências de uma má escolha e correr atrás.
A escrita é usada para abraçar seus leitores. Uso dessas linhas de hoje pra me abraçar e me puxar de volta pro que eu deveria mesmo fazer...
Então toca "me salvar". Ver o que eu tenho. Selecionar possíveis parcerias (Eldes, eu te devo muito) e os maiores incentivadores (Ale e Dan, são vocês!). Uma equipe do bem, que me deixa à vontade pra voar.
Decidi isso no momento que considero oportuno: agora. Pensando e repensando no que eu quero e posso. Correndo atrás de aprimorar e lapidar meu talento para a escrita (sei que nesse mesmo texto já tenho inúmeros erros de gramática, mas a hora de errar é mesmo agora) e resgatar um sonho perdido.
Sonhos envelhecem. Mas também são salvos a tempo.
Nada pode parar o promissor e guerreiro TH. =D


TH - Vamo que vamo!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

LUTO DE HOJE: SARAMAGO!

O escritor português Saramago, que vinha lutando por sua vida há meses, nos deixa hoje.
Um de seus livros foi muito marcante na minha vida, justamente o "Memorial do Convento", além de "Ensaio Sobre a Cegueira" que joga a verdade nua e crua nos braços de uma sociedade como limitações - ele consegue provar que há egoísmo e ganância até nas piores condições coletivas.
Sempre foi um autor que eu amava ler em entrevistas. Tinha uma visão social muito interessante e uma linguagem zelosa, tornando-se um ícone na literatura mundial...
Sempre me entristece perder pessoas tão raras como Saramago, pois dá uma sensação de vazio, e aquela impressão que não haverá sucessor algum pra continuar um trabalho tão bonito e diferenciado. Infelizmente, há poucas pessoas que assumam uma responsabilidade com o ser humano tão forte como ele detinha.
Que esteja continuando suas severas críticas lá em cima. Ficam suas belas obras...


"As misérias do mundo estão aí, e só há dois modos de reagir diante delas: ou entender que não se tem a culpa e, portanto, encolher os ombros e dizer que não está nas suas mãos remediá-lo — e isto é certo —, ou, melhor, assumir que, ainda quando não está nas nossas mãos resolvê-lo, devemos comportar-nos como se assim fosse."


TH - Acordando com essa bomba!

sábado, 10 de abril de 2010

ALI TH ERAÇÕES XVI



Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O Amor.


Carlos Drummond de Andrade


TH - (Res)(ins)(pers)istindo sempre!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

ALI TH ERAÇÕES III


"Não precisa correr tanto; o que tiver de ser seu às mãos lhe há de ir."

M. Assis


TH- Frases "clichês" são as melhores!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

ALI TH ERAÇÕES I


A nova seção do ETHos, onde pretendo colocar enxertos, estrofes, ou até obras da literatura inteiras que me marcaram/marcam/dizem bastante não poderia começar senão com minha musa literária-mor, a sempre necessária Clarice Lispector, com essa passagem de um de seus melhores livros, o póstumo "Um Sopro de Vida: Pulsações" que li apenas no ano de 2007, e que me rendeu noites e mais noites de leituras, escritas, vinhos e melancolia, sem o menor sentido. Falando em sentido...:

"De repente as coisas não precisam mais fazer sentido. Satisfaço-me em ser. Tu és? Tenho certeza que sim. O não sentido das coisas me faz ter um sorriso de complacência. Decerto tudo deve estar sendo o que é."


TH - Faça fazer sentido...

domingo, 18 de maio de 2008

CHEGANDO A CAVALARIA NO ÚLTIMO INSTANTE, ADIANTARIA?


Guilhermina tinha uma decisão a tomar.

Em plena época medieval, burguesa, namorava às escondidas Donnie, plebeu, rapaz bonito que se vestia sempre de maneira surrada, com roupas pobres, reflexo de sua realidade naquele reino. Sua família trabalhava pelo direito de utilizar um pouco da terra - o pagamento pelos árduos serviços braçais prestados. Só tinham direito ao descanso aos domingos e nos dias santos de guarda. Sim, era uma forma velada de escravidão, pois se ousassem fugir, o Rei Frederico Gausth mandaria seus servos atrás deles na hora.

Já ela, a princesa, tinha uma vida que toda garota da época gostaria de ter, como criadas lhe banhando e embelezando a toda hora, além do direito de escolher quando quisesse as mais belas jóias (feitas com as pedras mais preciosas da época) que seu pai-Rei mandava trazer da Europa e de todos os lugares mais inacessíveis possíveis, tamanho era seu apreço pela pequena. Era sua dádiva.

Os encontros com Donnie, que singelamente começaram em seu rebanho de alvas ovelhas, começaram a se intensificar. Não por acaso se tornaram cada vez mais perigosos, visto que o rei tinha vigilantes por todos os lados daquele reino, dentre eles o mais temido, o corcunda Félix, com aspecto monstruoso e aterrorizante. Não foi suficiente pra intimidá-los. Era algo inevitável, maior que ambos, e destemendo todas as conseqüências decidiram continuar. Ambos, com muito amor e muito respeito mútuo, descobriram cedo todas as belezas e ardentes loucuras de um relacionamento inusitado, mas belo naquelas condições. Ela era, para ele, tudo o que seus mais preciosos sonhos não conseguiam expressar; Já Guilhermina tinha a nítida percepção de que ao lado de Donnie, ela descobrira um mundo que nunca havia visto: mais humano. Aquela gente, apesar de evidente pobreza, era, à sua maneira, feliz. Eram vizinhos que se cumprimentavam com abraços e afagos, e todos os domingos inventavam uma festividade diferente, na casa de algum deles. E muito leais. Tão leais que jamais disseram uma só palavra acerca da presença secreta da menina no ambiente deles.

Sentado na relva, com sua harpa, Donnie tocava e cantava para sua amada:

“A deusa da minha rua
Tem os olhos onde a lua
Costuma se embriagar
Nos seus olhos eu suponho
Que o sol num dourado sonho
Vai claridade buscar

Minha rua é sem graça
Mas quando por ela passa
Seu vulto que me seduz
A ruazinha modesta
É uma paisagem de festa
É uma cascata de luz

Na rua uma poça d’água
Espelho de minha mágoa
Transporta o céu para o chão
Tal qual o chão da minha vida
A minha alma comovida
O meu pobre coração

Infeliz da minha mágoa
Meus olhos são poças d’água
Sonhando com seu olhar
Ela é tão rica e eu tão pobre
Eu sou plebeu e ela é nobre
Não vale a pena sonhar”


Sim, desde aquele tempo não existiam apenas raios de sol. A invejosa Íris, criada de Guilhermina descobrira suas desventuras ao lado de Donnie e contou diretamente a Félix, antes mesmo de comentar com o Rei. Félix, deslumbrado com a idéia de receber elogio do Rei por ter tomado providências antes mesmo de receber ordens, seguiu a menina e deu de cara com um beijo ardente do casal. Traiçoeiramente, Félix atacou Donnie por trás, abraçando-o e começando a apertar seu corpo contra o dele, tentando esmagar seus ossos. Com muita bravura e buscando uma força que não tinha, o garoto conseguiu, com um golpe de mão fechada, achar um ponto fraco na nuca do monstrengo, que o fez cair desacordado. Guilhermina correu a seu encontro, olhos lacrimejantes, e lhe abraçou com toda intensidade do que sentia por aquele seu homem.

Mas esse pequeno momento de felicidade terminara com a chegada do Rei Frederico ao lado de Íris, assistindo a cena do abraço. A menina percebeu logo que Íris contara tudo a seu pai, que constatara ali mesmo a veracidade. Destemida, Guilhermina também buscou uma força que sua frágil personalidade aparente não tinha, peitando o pai em nome de seu sublime amor por Donnie. O momento de clímax era maior ainda do que a briga entre Donnie e Félix. Era esperado por todos que o Rei chamaria o pobre plebeu para um duelo, com espadas e cavalos no dia seguinte à tardinha.

Surpreendentemente o Rei chegou próximo a Donnie e lhe estendeu a mão, explicando que todas as vezes que os pretendentes que arranjara para Guilhermina, quando conversavam acerca do que seriam capazes de fazer pela filha, negavam covardemente enfrentar Félix. E que pela primeira vez uma pessoa provara, sem mesmo lhe consultar antes, que seria capaz de dar a própria vida pela de sua amada filha e que isso bastava para que lhe fosse concedida a benção do casamento. Felizes ao extremo, Donnie e Guilhermina se beijaram, sem nenhum pudor, diante de todos no reino. Sem dúvida o casamento mais feliz, superando todos os antecessores das mais longínquas gerações dali.

Viveram felizes, tiveram 3 filhos. A família de Donnie, assim como muitas outras das redondezas, conseguiu o direito de freqüentar o palácio real com toda dignidade que tinham direito. Até Íris deixou a inveja de lado e se tornou a fiel confidente de Guilhermina. Vossa Majestade amenizou sua postura e se tornou mais amável até com a própria esposa, a Rainha Madalena. E os raios de sol nos pastos que Donnie nunca deixaram de cuidar, ainda com todo dinheiro que agora detinha, nunca foram tão vívidos como naqueles áureos tempos.

Certo dia, caminhando pelo feudo em busca de um médico de animais para tratar de uma das ovelhas de seu rebanho, Donnie conheceu a bela plebéia Marguerite, habitante recente do Reino, trazida pela vizinha Morgana. Ela se oferecera para cuidar da pata da ovelhinha, afinal, estava trazendo coincidentemente um pouco de ungüento. Donnie ficou encantado com a delicadeza com a qual aquelas mãos cuidavam delicadamente da pequena ovelha. Eram mãos de fada! A amizade entre Donnie e a recém integrada no reino foi crescendo. Ria-se, ao notar a diferença de como Marguerite sabia pegar numa enxada e cultivar a terra, enquanto sua Guilhermina não sabia fazer sequer os afazeres domésticos típicos das mulheres naquele tempo, tamanha sua natureza de burguesa. A comparação em sua mente foi imediata.

Igual ao início de seu relacionamento com Guilhermina, a proximidade com Marguerite foi inevitável. Ela era algo que estava bem a seu alcance, afinal, tinham mesmo em comum a natureza de serem pobres com dignidade. A pobreza sempre, em todos os tempos e épocas, é obstáculo para dois corações que se amam. E de maneira que não conseguia lidar, Donnie percebeu que a noviça plebéia tinha mais a ver com sua realidade que a sua querida esposa. Por mais amor que nutrisse a Guilhermina, por tudo que passaram juntos para que os raios de sol brilhassem com mais vigor, seu acalento maior se dava com Marguerite. Como seria difícil explicar para a mulher de sua vida de sempre que na verdade, o título era injusto.

Não foi necessário. Certo dia, ao chegar mais cedo com seus filhos de uma caminhada com Íris, Guilhermina vira a conversa animada de Donnie com Marguerite. Ficara petrificada. Apesar de que aquilo não lhe atribuísse culpa alguma, uma sensação ruim tomou seu corpo. Ciúmes? Mais que isso...uma certeza, que não era absoluta, mas que de alguma forma algo não estava bem. Resolvera não usar de métodos ardilosos para chegar à verdade, e sim chegar à própria fonte: conversando com Donnie.

Em uma conversa franca – não poderia ser diferente, Donnie contara sobre a divisão que nasceu em seu coração. Não negara o amor de sempre à Guilhermina, mas também não escondeu o sentimento puro que nasceu entre ele e Marguerite. Confessou que não sabe o que fazer. Ela, se sentindo morta, notou que estava em suas mãos.

Guilhermina tinha uma decisão a tomar.


TH - Necessitando de tais vívidos raios de sol!