sexta-feira, 20 de novembro de 2009

RESGATE DA FÉ!


“Deus - não importa quem ele ou ela seja - nos criou pássaros. Perdidas as nossas asas, o desejo do vôo permanece na alma como sentimentos puro, nostalgia, sobre a qual somente os poetas podem falar - porque eles têm a graça de falar sem aprisionar. A essa nostalgia do vôo, a esse espanto perante o mistério da vida, a essa capacidade de se comover diante da beleza dou o nome de "sentimento religioso"

Rubem Alves

Que terreninho cabeludo esse hein?Muitas idéias, muitas visões pré-estabelecidas, conceitos, pré e pós conceitos definidos.Falar de religião e religiosidade se tornou bastante polêmico, nesses dias.

Assunto polêmico é aquele que não é unânime, e é passível de diversas opiniões divergentes, às vezes causando até desentendimentos homéricos entre militantes de ambos os pólos antagônicos da discussão. Religião, por outro lado, não é algo fácil de se conceituar, tampouco de se normatizar. Além de ela não conseguir com precisão, quem mais poderia tecer algumas palavras que fossem suficientes para explicar a força superior que criou todo nosso universo, nosso grande arquiteto? E, afinal de contas, quem seria Deus? Poderia ser ele competente o bastante pra tirar todas essas interrogações recorrentes e resolver de maneira eficaz todos os problemas que existem?

Se me perguntassem o que eu pediria se tivesse oportunidade de falar com Deus, decerto que a primeira coisa que me viria à mente é clamar que ele elucidasse todos os conflitos e atritos entre as religiões - venho chamá-los aqui coloquialmente de fé descentralizada. Quanto mais vejo as pessoas cultuando uma fé intensa, de tal forma que fique inclusive cega, eu me convenço cada vez mais de que minha opção pessoal de não possuir religião foi deveras acertada. Religião, em sua etimologia, significa religar-se, ou seja, uma tentativa humana de se ligar a suas origens, a seus passados. De acordo com sua respectiva, os humanos regressam pra tentar achar elementos que fundamentem ou ratifiquem sua fé, ou ainda aos que queiram encontrar propósitos definidos para suas vidas. Essa busca se dá por doutrinas específicas, sejam evangélicas, sejam católicas, sejam espíritas, sejam budistas. Acho perfeitamente válido “estudar a fé”, buscar explicações e encontrar a harmonia e felicidade absoluta nessa procura. Acho válido, bonito, entretanto utópico.

Ora, se não existe um conceito universal para o termo Religião, por que os “fiéis” de cada uma se preocupam tanto em criticar, atacar e até ridicularizar umas às outras? Coisas esdrúxulas do tipo “aquela crença é do demo”, e demais críticas vazias e nada fundamentadas. O que penso é que, por trás de todo esse fanatismo religioso, há grandes doses de hipocrisia e preconceito, sutilmente mascarados de fé divina. Sim, preconceito, aquela famosa doença que turva nossa visão, emburrece nossa alma e nos faz seres minúsculos. Tipicamente o inverso da teórica função da religião de nos tornar seres maiores e melhores. Diante de tanto preconceito, o que deveria ser fé torna-se algo vago e indefinido. É um adorar a Deus sem saber por que nem pra quê. Pra não ir pro inferno ou então pra jogar nas costas de seu Deus todos os problemas para que ele resolva sozinho. Sim, a fé deles também é comodismo.

Enquanto pássaros, somos aprisionados em gaiolas perante a maior parte dos religiosos. Temos nossa liberdade tomada e comedida, vivendo num verdadeiro cubículo, rodeado de “grades do pecado”, onde nos alimentam com doses diária de boas maneiras e doutrinas poderosas. A metáfora, aqui, nunca soou tão irônica.

Uma grande preocupação minha está em mostrar que não sou contra as religiões, mas contra a prática exagerada e exacerbada da mesma. Tantos exemplos extremos como as fogueiras da Inquisição, no caso do Catolicismo, ou de fiéis fervorosos, com pastores igualmente inflamados, no caso da religião evangélica, ou ainda uma infestada chacina, nas seitas que pregam o sacrifício humano ou animal, ainda não são suficientes pra mostrar que tudo o que é exagerado não é nada benéfico. Partindo dessa minha preocupação, tentarei mostrar por que prefiro a prática da religiosidade à religião. Penso que sobra demagogia e falta união.

Há uma religião que faz uso de adoração de imagens? Há uma religião onde é estabelecido que não se deve andar com saia acima do joelho? Há crenças que exigem sacrifício animal? Há a que confere várias mulheres para um só homem, no ritual de casamento? A prática de todas, independente de seus mandamentos é o que nos referimos aqui como religiosidade – é você que diz como quer se ligar a Deus. Um agnóstico, por si só, também tem sua determinada religiosidade – ele acredita naquilo que puderem lhe provar o que não quer dizer que ele não seja desprovido de sua religiosidade. Vou mais longe ainda: um ateu também tem religiosidade! Se ele não acredita em Deus, no Deus que todos cultuam e veneram, não quer dizer que ele não tenha fé em algo, e que ele não se apegue à mesma. Sim, prefiro ser munido de religiosidade a ter religião.

Todos os exemplos citados acima, se fossem respeitados pelos respectivos representantes de cada religião, teríamos aquilo que é sua premissa-mor: harmonia! Uma igreja católica não tem o direito de atacar a evangélica, que por sua vez não deve questionar a veracidade dos escritos do alcorão. No fundo, acredito em Deus, como um só. Um Deus apenas, que as pessoas utilizam maneiras diferentes de se comunicar com o mesmo. Ratifica esse meu pensamento a própria bíblia, por exemplo, que possui indefinidas interpretações, e cada religião tenta “puxar” pro seu lado o que Deus quis dizer com cada frase. Ninguém está certo ou errado. O tempo que se gasta ofendendo pessoas que crêem de forma diversa poderia ser utilizado para aproveitar os melhores ensinamentos que suas respectivas doutrinas trazem. E, por que não, para parar de se importar com a fé alheia e procurar distribuir mais amor e bem-estar por entre todos os povos do mundo.

...

O melhor caminho para a humanidade é mesmo cada um seguir aquela religião que mais apetece às suas aspirações e crenças. Ou mesmo, seguir àquela na qual se foi educado - mas sempre se lembrando de exercitar seu próprio livre-arbítrio e livre pensamento, pois é impossível concordar com tudo o que uma pessoa diz, imagine com uma IGREJA. Mas, antes de tudo, é preciso RESPEITO. Também é por isso que discordo que existam aulas de religião nas escolas, pois acabam por obrigar todos a serem educados por determinados dogmas, de acordo com a vontade do estabelecimento de ensino.

Esse texto foi escrito pro blog “EnTHulho”, em 2007, e adaptei pro ETHos oportunamente agora pois desde o início deste Novembro de 2009, eu resgatei uma fé que estava esquecida e trancada na gaveta do armário por conta de interpretações equivocadas de certas visões religiosas. Sempre fui bastante radical nas minhas resoluções ou opiniões acerca de alguma coisa em que acredito ou desacredito, mas eu percebo hoje que a riqueza está de fato na nossa flexibilidade. E agora que voltei a acreditar nessa fé linda a objetiva, na força do pensamento positivo e optando sempre por VIVER, eu me considero regenerado e prontamente bem mais evoluído!


TH - A Better and Faithfull Man!

Um comentário:

Dan Vícola disse...

That´s the way things MUST be.
I´m very proud of you, dear.
Very proud.