terça-feira, 6 de outubro de 2009

BAILARINA DE PEDRA!


Quem me conhece, sabe que sou muito fã de LOST, a série. Uma narrativa completamente diferente de tudo o que já se viu fazer por aí, com uma maneira muito peculiar de se contar a estória. Traçando o paralelo presente intercalado com flashbacks e flashforwads, o seriado foi um marco, tornando-se intrigante por plantar inúmeras dúvidas na cabeça do telespectador, e a cada resposta encontrada, mais três perguntas eram lançadas, causando aquele nó na cabeça de seus fãs, que aliás, ADORAM isso!
Palmas para os produtores executivos Damon Lindolf e Carlton Cuse. Fãs confessos de Jornada nas Estrelas e outras histórias clássicas como Alice no país das maravilhas e O Pequeno Príncipe, nota-se clara referência a tais obras nos capítulos.
Sobre os mistérios, nada mais instigante do que perguntas do tipo: "o que é a ilha?' "o que são os números malditos?" "e o monstro da fumaça?", dentre muitas outras, que deverão ser elucidadas (espero) nesta sexta e derradeira temporada, prevista para estrear nos EUA em Fevereiro de 2010. Será que conseguirão dar cabo a tudo em 16 episódios apenas? Acredito que muita coisa vá ficar sem explicação, mas pra mim, a série é deveras satisfatória e me faz um bem tremendo acompanhar, pesquisar, rever, analisar e pescar todos os detalhes - alguns bem escondidos, inclusive, em seus episódios.
Lost não é só uma série de mistérios...o elemento humano está presente desde a primeira temporada, que se valeu primordialmente em apresentar seus personagens e expor seus motivos. Logo, uma infinidade de identificações era minada com a morte de vários deles ao longo das demais temporadas. Corria-se um tremendo risco gostar de determinado ator e vê-lo ser catapultado da série em algum momento. Elemento que, aliás, era um aditivo pra tornar a trama mais interessante ainda: quem vai morrer??
Eu gosto de vários personagens, mas quem me conhece sabe da minha tendência por gostar daqueles que não tem necessariamente grande destaque. Até dos secundários eu sou bem afeito, às vezes mais do que os próprios protagonistas. Pois bem, não me perguntem exatamente como, mas desde a primeira temporada minha personagem favorita é a Sun. Ela não é das mais queridas, tampouco tem o destaque que, ao meu ver, deveria ter, mas tentarei versar algumas linhas delineando seu perfil.
Coreana, mulher e filha de um magnata. Pra piorar, esposa de um marido que num determinado momento torna-se agressivo e machista ao extremo. Reunindo todas essas mazelas (aqui, o "coreana" só se torna mazela pois sabemos que a Coréia é um dos países mais machistas que existem), esperava-se uma personagem de postura submissa que inclusive vemos Sun assumir durante um bom tempo na ilha. Mas os nuances que os roteiristas souberam percorrer durante seus flashbacks mostraram que a garota tinha uma personalidade forte, escondida sob seu manto casto e tímido. Além do que, a série é enfática ao mostrar que Sun consegue, num piscar de olhos, transmutar sua conduta boa em má, de maneira bem rápida, comparada a outros personagens. Ela é a falsa retraída. E a culpa disso é a atitude transgressora que suas relações - sobretudo com seu pai, Mr. Paik, a obrigaram ter.
Os fins justificam os meios? Pois Sun sabe muito bem disso. Em The Glass Ballerina, episódio da terceira temporada, foi mostrado seu caráter quando desde pequena acusou a empregada de ter quebrado a Bailarina de Vidro - o caráter dúbio faz os fãs tentarem entender se fez isso por maldade ou foi a forma encontrada pra se safar do castigo de seu pai. Suas mentiras - sobretudo sobre a suposta paternidade de seu filho, seriam justificadas também? Como a série não tem nada de maniqueísta, fica a deixa pra seus seguidores tentarem decifrar suas razões. Já foi mostrada uma Sun abnegada (quando ela conclui com Juliet que seria melhor ela morrer do que seu filho não ser de Jin) e rude (querendo meter um balaço em Ben a qualquer custo); Ingênua (defendendo Sawyer, que foi quem a sacaneou) e desconfiada, postura mais constante ao longo de toda a série. Uma atitude sua bem perceptível e recorrente é a de se redimir sempre por seus erros. Alcançar perdão por intermédio de alguma forma de auto-punição por algo que ela fez...reflexo de sua criação?
Seu relacionamento com Jin teve muitas coisas a serem resolvidas - o casal na verdade já chegou na ilha com um monte de coisas para discutir, a relação estava num estágio muito difícil, e o caminho percorrido por ambos foi árduo, mas bem sucedido. O ciclo de ambos se fechou em Ji Yeon, episódio da quarta temporada onde eles, depois de colocarem tudo em cheque, finalmente alcançam a tão sonhada redenção mútua e se acertam, numa das mais belas cenas de Lost.
Os roteiristas, no entanto, estão devendo inúmeras cenas para Sun, sobretudo nessa quinta temporada, na qual a personagem fez mera figuração, com poucos momentos de destaque. Mas não foi apenas ela. Desmond teve sua participação na série bastante reduzida - e olha que ele foi bem destacado em temporadas anteriores! Refiro-me à Sun, além de ser fã, porque no fim da quarta temporada, quando ela saiu na ilha, abriu-se um precedente muito bacana pra que ela se tornasse outra personagem, mais linha dura, vingativa e nada frágil...isso de certa forma aconteceu, mas ficou mais na promessa e na sensação de "quero mais" por falta de cenas!
Vale destacar, ainda, o carisma e talento da atriz Yunjin Kim, e sua química com seu marido na ficção, vivido por Daniel Dae Kim (não, eles não são parentes na vida real!). A cena que Sun perde seu marido, em "There's No Place Like Home" foi de um realismo incrível, e impressionou a maneira como Yunjim interpretou, e logo a seguir se viu um Flash-Forward de seu encontro com o sempre perigoso Charles Widmore, batendo de frente com ele. Além do que, em entrevistas, nota-se que a atriz é super simples, alegando inclusive ganhar exageradamente por cada episódio que faz na série. Além de sorriso franco e um belo olhar que passa muito mais realidade,a lgo do tipo "sabedoria oriental". Já se tornou minha ídola!!
Pois bem...atualmente, na série, Sun está do lado do falso Locke, Ben, Richard Alpert e Lapidus, no Presente, enquanto os outros personagens estão no futuro. Sua obstinação a faz fazer tudo pra reencontrar seu marido, se isso for possível, inclusive deixando sua filhinha Ji Yeon na Coréia com sua avó, pra isso. O que o futuro da personagem nos trará? Cenas impactantes, com certeza, virão aí. Espero muito que os produtores nos brindem com ótimas cenas para Sun. Eu, Yunjin e demais fãs da coreana agradecem!


TH - Roendo as unhas de ansiedade!

2 comentários:

Dan Vícola disse...

Observação gramatical: "história", sempre. "Estória" é uma "história" que criaram a certa altura, mas o vocábulo JAMAIS constou do vocabulário oficial da língua, registrado pelos dicionários! =)
Quanto a LOST, uma tardia descoberta (minha) muito perturbadora! Estavas certo sobre tudo que me dissestes acerca do conteúdo humano da série. E por mais que meus instintos investigadores virginianos fiquem ouriçados pelos mistérios mil da protagonista-mor, que é a ILHA, inegável que os dramas todos ali entrelaçados são matéria de muita reflexão, análise e catarse.
Quanto a Sun, a atriz é realmente muito competente e, dentre todas as tramas dos losties, a dela é uma que realmente se destaca, por conter uma série de elementos muito bons, devidamente enumerados por você.
A ver o que nos reservará a final season - DESTINY FOUND.
;-)

TH disse...

Adorei o comentário, dr...
Aproveitando a deixa do 'fessor", é Destiny Found ou Destiny Founds??