Em Janeiro desse ano eu tomei uma das mais sábias decisões da minha vida: me filiar a um grupo voluntário de combate a injustiças sociais e ambientais. O grupo, que envolve alguns estados daqui do Nordeste, foi fundado há um ano e tem um histórico de atuação muito abrangente, por conseqüência lida diretamente com o coronelismo exacerbado que reina por essas bandas. São diversos profissionais engajados: médicos, dentistas, advogados, professores, atores, assistentes sociais, psicólogos, dentre outros, com o apoio total com ONGS mais poderosas que a nossa, que nos impulsionaram a crescer.
Até então minha participação era apenas como de colaborador, junto a outros advogados, cuidava da parte informativa sobre legislação ambiental e trabalhista. Na parte jurídica ainda temos o reforço de alguns fiscais do Ministério do Trabalho, pessoas competentes, sérias e completamente antenadas a tudo o que possa envolver injustiça nas relações de emprego e trabalho. Eu disse até então pois fui testemunha auditiva de uma verdadeira pressão por parte de políticos com histórico lamentável aqui na nossa região.
Simplesmente intimidaram o grupo com telefonemas - no início da conversa cordiais, mas ao final, o tom era de ameaça prestes a ser cumprida. No caso, tínhamos denunciado uma fazenda no interior de Paraíba, onde, por meio de pesquisas, os dados oficiais indicaram que os trabalhadores eram obrigados a cumprir jornadas abusivas em troca de salários irrisórios, além de receber alimentos podres e água contaminada. Não sabia se o fazendeiro tinha relação direta com a política, mas sei que esta foi quem veio imediatamente na defensiva dos interesses dele, realizando a citada ameaça. A ação foi parar em Brasília, no início do mês,o grupo esteve lá em massa e o simples informante que eu era foi tomado por um sentimento muito mais forte que isso diante do caso.
Como se não bastasse, no dia 05 de Junho participei, junto até com minha mãe (que é ecóloga e também participa do grupo – na parte de defesa ao Meio-Ambiente) de uma linha de palestras em prol do Meio-Ambiente, pois o dia 5 é o dia da preservação do mesmo. No Shopping Iguatemi, daqui de Maceió, o slogan do ano era “Nossa casa pode ser feita com Material reciclado - a deles não” e mostrava a foto de um passarinho com seu ninho composto de material reciclado – uma graça, aliás. Nesse mesmo dia sentimos o desapoio de grandes empresários alagoanos, totalmente hostis com os trabalhos do grupo, e fiquei sem entender. No dia seguinte, conversando com um dos fundadores do grupo, ele me afirmou: esse empresário já quis destruir nossa entidade por achar que seríamos uma pedra em seu sapato – afinal, por mais que a empresa dele destruísse o ambiente e o revitalizasse, essa revitalização era feita às escondidas, teoricamente fiscalizada pelo IMA e pelo IBAMA, mas não era bem assim.
Eu posso afirmar categoricamente que não sou mais o mesmo depois de ter me feito integrante do grupo. Mudou demais minha maneira de pensar e até de sentir determinadas coisas. Não falo o nome do grupo por ser este um blog público, e por já ter negado inúmeros conselhos de colegas próximos e familiares, sempre com a frase quase feita: - sai disso, Thiago! Não entendem que, depois que fiz parte, não dá pra apenas sair. Eu percebi que ser cidadão é muito mais importante do que a gente julga, temos muito a fazer, temos o dever de fazer. Olha o imperativo aí novamente...DO IT! É meu principal lema pra 2008 e estar diante de pessoas sérias que querem batalhar prum mundo social e ambiental melhor, sem soar piegas ou clichê, nada compra. Agradeço todos os dias pra pessoa – que estudou comigo na faculdade – por ter feito o convite e me fazer, por consequencia, uma pessoa bem melhor e útil pro mundo. Que essas pessoas que denunciei – não citando nomes por hora claro, repensem melhor suas atitudes e condições. Reprimir não é a meta do nosso trabalho. O ideal é mudar.
TH – Agradecimentos absolutos a um de nossos apoios, o MOVIMENTO HUMANOS DIREITOS